quinta-feira, 22 de julho de 2010



Imagem: Coréia e America [ Amoo <3 ]

Essa fanfic provavelmente vai para frente.. É sobre o Kiku/Japão sofrendo fobia social.. Vou postar o início aqui!

Estava acontecendo mais uma vez, o telefone tocava na pequena residência de Kiku, o coração dele disparava e encolhia-se no canto do aposento. Enquanto seu coração palpitava, seus olhos iam de um lado para o outro, temendo que a situação se agravasse. Algumas vezes seus vizinhos batiam na porta e falavam para atender logo o telefone, mas Kiku nunca atendia, pelo tom de voz que usavam, imaginava que eles pudessem ser agressivos ou perigosos.

Kiku tinha total consciência de que seus medos eram sem uma razão consistente e que não devia prolongar mais sua situação. Mas o telefone tocava e tocava, o som terrível dele sempre soava no mesmo intervalo de tempo. Um toque.. Dois segundos, outro toque, um ritmo aterrorizante. Por mais que se encolhesse, o aparelho não parava, havia vezes que os toques paravam e quando sentia que poderia respirar aliviado, eles recomeçavam.

- Pare de tocar, pare de tocar.. - Murmurrou baixinho, implorando para que o telefone parasse, fechando os olhos e apertando as pernas contra o próprio peito. Não faria diferença se pedisse ou não, o telefone só pararia quando ele quisesse. Não importava o quão Kiku rezasse, ele sempre continuaria tocando.

O silêncio retornou ao local, Kiku manteve-se naquela posição por mais alguns minutos, temendo que tentassem ligar novamente, mas não ocorreu, respirando por fim aliviado e engatinhando rumo a sua pequena cama feita no chão, puxando o controle e voltando os seus olhos a televisão a sua frente, vendo o seu jogo de video-game parado.

Reniciou-o, jogando com satisfação, vendo o seu personagem tornar-se cada vez mais forte e enfrentar todos em lutas incríveis. Invejava-o, queria viver em uma realidade como aquelas, onde era possível treinar para ficar mais forte e as amizades eram sempre verdadeiras. Não é que fosse impossível fazer amizades no mundo real, mas ninguém confiava em ninguém e Kiku não tinha nenhum amigo.

Continuou a jogar até que todo o quarto escurecesse, sentiu seus dedos doloridos e ligou a luz do local, sentindo os seus olhos arderem e olhou em sua volta. Vivia em acomodações pequenas e modestas, sua cama era um colchão no chão, sua casa era basicamente um cômodo que servia de sala e quarto. No canto uma porta com um espaço de três metros quadrados com uma pia, um fogão e uma geladeira, do outro lado espaço identico com um box, outra pia e um reservado.

- Preciso sair.. - Falou sozinho, tinha adquirido esse hábito, pois caso não falasse, em poucos dias perderia sua voz e quando se encontrasse com alguém, teria dificuldade de ser ouvido. Não que quisesse dizer algo, sentia que suas opiniões não eram de interesse de ninguém, mas ainda haviam pequenas palavras que eram necessárias ser ditas.

Desligou o video-game e a televisão, depois dobrou a coberta de sua cama e esticou o lençol, por fim retirou uma muda de roupas de dentro de um pequeno armário e foi para o banheiro. Após lavar-se e vestir-se adequadamente, pegou uma mala já organizada com suas roupas sujas e uma pequena mochila com todos os itens que precisaria. Abriu a porta do apartamento e olhou para os dois lados do corredor, verificando que eles estavam vazios para por fim sair, aproveitando-se do silêncio e vazio do meio da noite.

A maioria dos jovens de sua idade temeriam andar pelas ruas naquele horário da noite, mas como fazia isso apenas uma vez por semana, não sofria com isso. Pelo contrário, a noite lhe dava mais segurança, haviam poucas pessoas nas ruas e nenhum perigo de encontrar-se com algum antigo conhecido. Depois de vagar por algumas ruas, chegou ao seu destino, uma lavanderia, olhando pela vidraça da loja para verificar o seu interior.

Três pessoas, uma senhora que era dona do local, um homem que nunca havia visto e um rapaz com quem sempre encontrava sempre ali naquele local e horário. Kiku deu um leve sorriso ao revê-lo, ia na lavanderia a cada quinzena e esse rapaz estava sempre no mesmo dia e no mesmo horário que o jovem japonês. Era quase como se fossem namorados, estavam sempre juntos em uma data fixa e nem na chuva nenhum deles faltava.

Kiku entrou no local, comprando as fichas para a maquina com a senhora e a porção de sabão em pó. Depois foi para a maquina que sempre usava, a mais isolada de toda a loja e colocou suas roupas nela, preparando-as para lavar. Separou as roupas brancas das coloridas, adicionou o sabão e sentou-se na fileira de cadeiras, olhando fixamente para as suas roupas girando no interior da maquina.

- Merda! - Xingou o homem, o olhar de todos os presentes voltaram-se discretamente para ele, querendo saber o motivo de tamanha irritação. Pelo visto ele havia colocado uma camisa colorida junto com as roupas brancas, manchando-as, após constatar isso, Kiku voltou os olhos para a sua maquina, não desejando fofocar.

- Uhm.. - Emitiu um leve som o rapaz que sempre aparecia no local, como se debochasse um pouco da atitude do outro, mas devido a grande distância entre os dois, não foi possível que o outro o ouvisse. O rapaz então abriu a própria mochila, retirando um pote com um sanduiche e mordendo-o, comendo em público.

A face de Kiku corou nesse momento, não gostava de comer na frente dos outros, poderia cometer deslizes e parecer pouco educado, mas o outro comia o sanduiche com tanta naturalidade. Tentou observá-lo um pouco, mas sem olhar diretamente para a face dele, pensando em que tipo de sanduiche ele gostava.

- Você quer? - Perguntou o rapaz, fazendo o coração de Kiku disparar, estavam perguntando para ele? Desviou o olhar para o chão, mas pode sentir o outro aproximando-se, sentando então na cadeira ao lado dele e esticando-lhe um sanduiche ainda intacto que tinha retirado do pote.

- Não, obrigado.. - Respondeu Kiku com a voz bem baixa, mantendo o olhar para o chão, queria aceitar, mas não considerava apropriado fazê-lo. E se o outro estivesse oferecendo apenas por educação? Era provável, visto que ficou encarando-o! Ou talvez estivesse magro demais e aparentasse desnutrição, mas o que poderia fazer? Precisava viver com sua mesada e a maior parte do dinheiro que tinha gastava encomendando jogos.

- Não tem veneno nem nada do tipo, pode aceitar. É de atum. - Falou o rapaz, depositando o sanduiche no colo de Kiku, voltando então o olhar para as maquinas de lavar e dando um sorriso. - Não sei se você já notou, mas nós sempre lavamos a roupa juntos.. Acho que te vejo aqui faz uns dez meses.

- Ah, então irei aceitar, obrigado. - Respondeu, levando a mão até o pão e segurando-o, pensando que seria indelicado recusar uma vez que o outro colocou-o próximo de si, voltando o olhar discretamente para ele. Pensou em dizer que eram onze meses e já tinham tido vinte e um encontros, mas talvez isso não interessasse em nada o outro.

- Você fica sempre no seu canto, não é? - Perguntou, vendo Kiku levar o sanduiche aos lábios e prová-lo, sem conseguir ocultar muito bem o desconforto e ansiedade por comer em público, deixando um pouco da salada do interior do sanduiche escapar pelo outro lado e cair em seu colo.

- Perdoe-me.. - Falou Kiku em resposta, tirando um lenço e limpando a salada que caiu, deixando então o sanduiche sobre ele e pensando que o melhor a fazer seria guardá-lo para comer mais tarde.

- Está pedindo desculpas por ficar na sua? Não deveria, gosto de pessoas assim. - Sorriu, olhando o japonês com atenção, percebendo que o outro não tirava os olhos do sanduiche, enrolando-o com cuidado com o lenço. - Vou deixá-lo em paz, preciso colocar minhas roupas na secadora. - Falou, vendo que sua presença devia estar sendo inconveniente e levantando-se,voltando ao seu local de origem.

Os olhos de Kiku voltaram-se para as costas do rapaz quando ele se afastava, voltando os olhos então para a maquina de lavar, perguntando-se se sua ausência de respostas teria sido a causa dele ter se afastado. Provavelmente tinha visto que Kiku não era interessante e viu que não valia a pena conversarem, talvez até se arrependesse de ter lhe dado o sanduiche.

Um sentimento triste invadiu o coração do garoto, desejando que o tempo corresse mais rápido e pudesse retornar de uma vez por todas para sua casa.
[ Parei de escrever aqui x.x ]

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