domingo, 4 de julho de 2010



Imagem: Meu desenho no Paint [ Brinquei de textura no céu ]

Ahá, retornei (Dois minutos depois de aparecer) o.o/

Basicamente esqueci de dizer algumas coisas: Adoro futebol, escrevi um conto tentando suportar limite de páginas (Foi Fail..), estou lendo vários livros (Mammys me comprou Mattia Pascal em uma banca, mas retornarei a esse tema depois, pois merece mais detalhes) e estou bem.

Esse meu conto era para um concurso com tema "50 anos", no final vou escrever sobre os sovieticos mesmo..

Conto: A história FAIL do Klaus

Klaus estava sentado sozinho diante a escrivaninha de seu quarto, olhando fixamente para a janela a sua frente, deixando o seu pensamento vagar por caminhos instáveis. Ele era sem dúvida um jovem apaixonado, perdido e confuso, com o seu coração ferido e acelerado, incapaz de transformar seus sentimentos em palavras.
Klaus voltou seus olhos azuis para os papeis a sua frente, eram inscrições para uma mudança de curso na faculdade, recentemente tinha trocado de matemática para engenharia, pois a pessoa de quem gostava estava nesse curso, mas agora todos os seus planos tinham falhado tragicamente. Klaus não tinha a mesma facilidade nas aulas, enquanto a outra pessoa tinha acabado de ganhar uma bolsa para estudar no exterior.
Empurrou os papeis de lado, baubuciando palavras confusas em sinal de desgosto. Se fosse apenas isso, não teria qualquer problema, mas gostava daquela pessoa a tanto tempo e não tinha tido coragem de declarar-se nem uma única vez. O que poderia fazer? Não tinha confiança o suficiente para fazê-lo.
Talvez fosse pequeno demais, ou magro demais, ter cabelos muito claros, aparência muito fraca e traços muito infantis para o gosto do outro. Talvez a forma que o seu coração acelerava ao ver o sorriso da pessoa amada junto com aquela risada idiota por um motivo tolo fosse um sentimento distinto, sentido apenas por Klaus e incompreensível para qualquer outro humano.
- Klaus, querido, pode levar algumas coisas na casa da sua avó? - Pediu uma voz vinda da porta do quarto, era a de mãe de Klaus, com uma bolsa de compras nas mãos, provavelmente imaginando que seu filho não iria recusar um pedido, visto que nada fazia no momento.
- Está bem.. - Respondeu em total desânimo, levantando-se e indo até ela, segurando a bolsa e olhando em seu interior, vendo vários rolos de lã de diversas cores. Tricotar tinha se tornado um hobbie de sua avó fazia pouco tempo, provavelmente hobbie que todas as mulheres adquiriam ao chegarem em determinada idade.
Colocou o tenis na entrada da casa e caminhou em passos lentos pela rua, estava quase no final da tarde e algumas crianças vagavam pela rua, voltando da escola. Deu um sorriso fraco, senti falta daqueles dias, era uma época onde tudo era fácil e o mundo limitado. Porém, por mais que tentasse pensar assim, estava feliz pelos dias atuais, por ver todos os dias a pessoa amada, só temia pelo futuro, que iria separá-lo dela.
Chegou na casa de sua avó, onde um copo de suco e biscoitos lhe foi oferecido, em situações normais iria recusar e querer voltar para casa logo, mas dessa vez, tudo o que desejava era se distrair e afastar pensamentos. Sentou-se na sala, comendo os biscoitos sem muito gosto, enquanto observava a sua avó tricotar com a nova lã que tinha recém recebido.
- O que está fazendo, vó? - Perguntou, com os olhos voltados a lã branca que aos poucos ganhava forma. Não possuia muito interesse pelo que ela fazia, mas era melhor do que continuar com aquele incomodo silêncio que o fazia devanear e refletir.
- Um cachecol, quando eu era moça fiz um para o seu avô. Na época eu não possuia muita habilidade e ficou todo torto, mas o seu avô agradeceu e levou-o consigo para a guerra. Queria ter dado um presente melhor, mas naqueles tempos não tinhamos condições de comprarmos algo. - Explicou a velha senhora com um sorriso, Klaus apenas fez um aceno positivo com a cabeça, compreendendo.
Em breve faria um ano que o avô de Klaus tinha falecido, imaginava que a sua avô sentia grande falta dele. Quanto tempo eles ficaram juntos antes dele falecer? Cinquenta anos? Quantas coisas ocorriam em cinquenta anos? Ocorreu uma guerra, como a família de Klaus possuia origem alemã, eles estavam do lado dos perdedores e tiveram de fugir do país. Passaram por uma guerra, enfrentaram um novo país e ainda assim ficaram juntos, e pela forma que sua avô recordava agora do marido, não tinha dúvida que eles se amaram todos os dias daqueles longos anos.
- Vó.. - Chamou Klaus, sem tirar os olhos da senhora, vendo-a interromper o cachecol que fazia para olhá-lo com um doce sorriso, esperando que prosseguisse. - Como você sabia que o vovô era a pessoa certa? Afinal, aconteceram tantas coisas, vocês não precisavam ter esperado um ao outro. - Questionou-se, se a idéia de se separar da pessoa que gostava por um ano e meio já era assustadora para Klaus, imaginava como teria sido para os seus avos se separarem em tempo de guerra.
- Como eu sabia? Não há pessoa certa, Klaus, há apenas a pessoa que faz seu coração acelerar no momento certo, eu não sabia.. Eu apenas fiz o cachecol e o entreguei, pedindo para que ele voltasse para mim. - Tentou explicar, notando que suas palavras não tinham convencido Klaus totalmente. Conhecia bem os sentimentos que o seu neto sentia naquele momento, o primeiro amor da juventude, não havia dúvidas.
- E ele voltou.. - Concluiu Klaus com desgosto, naquele tempo deveria ser mais fácil, não haviam tantas pessoas no mundo e tantas distrações. Essa tecnica nunca funcionaria com Klaus, muito menos porque sequer estava junto da pessoa em questão para fazer tal pedido. Desde o início ele sabia que seu amor platônico estava fadado ao fracasso.
- Querido, tenho sessenta e nove anos, enquanto você ainda vai fazer vinte. Escute a sua velha avó que tantas coisas já viu nesse mundo. Nenhum amor vai ser perfeito, seu avô e eu não eramos perfeitos, mas se ambos estiverem dispostos a tentar é possível criar um amor imperfeito. E é melhor amor imperfeito que amor nenhum! - Riu de sua própria filosofia, talvez fosse tola a dizer tais coisas, mas sabia que estavam certas. - Podem se passar dez, vinte, trinta.. Cinquenta anos! Mas garanto, as coisas boas não mudam, sentimentos como o amor serão sempre iguais, não importa a geração!
Klaus sorriu, nisso precisava concordar com a sua avó. Sabia que o sentimento que tinha era bom, e mesmo que acabasse se ferindo, não importaria quantos anos passasse, não iria mudá-los! Levantou-se e foi para o lado dela, sentando-se junto com a mesma e lhe pedindo que o ensinasse a tricotar. Talvez fosse inútil, mas antes de dizer adeus a pessoa que tanto amava, queria ao menos dizer a ela como se sentia, não custava nada tentar.
Demorou duas semanas para terminar o cachecol, fez da cor azul, imaginando que combinaria com aquela pessoa. Estava meio feioso, mas tinha feito com as próprias mãos, mesmo não sendo habilidoso manualmente, e isso merecia o mínimo de reconhecimento. Viu então no corredor da faculdade duas pessoas vindo em sua direção, um casal de amigos, e sentiu o seu coração falhar.
- Klaus! - Falou o rapaz, acenando para o jovem e indo até ele, notando o pacote de presente em mãos. - Comprou-me um presente? Quem diria, sabia que me amava, mas não tanto assim! - Brincou com o seu jeito indiscreto, tentando tirar o pacote das mãos de Klaus, mas ele apenas abraçou-o perto do corpo, não iria permitir que as coisas acontecessem desse modo, tinha planos!
- Deixe-o em paz, Arthur! - Falou a jovem, acotovelando de leve o rapaz para que parasse de tentar pegar o item nas mãos de Klaus, sorrindo para o outro então. - Vai presentear alguém? - Perguntou com sua voz meiga, mostrando-se curiosa também sobre o conteúdo do pacote.
- É claro que vai, Julia! É para mim, não é? - Arthur apontou para si mesmo, com um sorriso bobo nos lábios, esperando a confirmação de Klaus com a entrega do item, mas isso não ocorreu.
Como Klaus poderia entregar o presente naquelas circunstâncias? Havia considerado tantas coisas, o tamanho do cachecol, a cor, mas não considerou a coisa mais assustadora, que lhe faltaria coragem no momento para entregá-lo. Não era como tinha imaginado! Não conseguiria esticar e dizer "É para você". Apertou mais o pacote contra o próprio corpo, desviando o olhar para o chão, o medo estava o dominando.
- Klaus? - Insistiu Arthur, sendo mais inconveniente que o de costume, curvando-se sobre o menor, deixando clara a diferença de alturas de ambos, em uma tentativa de olhá-lo nos olhos e descobrir qual era o problema.
- Eu ganhei! Haha! Sou muito popular, está vendo? - Respondeu Klaus, recuando um passo e rasgando o embrulho, fingindo surpresa quando encontrou o cachecol e jogando-o em volta do pescoço, sorrindo. - Um cachecol feito a mão? É um pouco antiquado, mas eu gosto!
- Parabéns, Klaus.. - Disse Julia com um sorriso decepcionado, suspirando e virando-se de costas, passando a caminhar. Seus cabelos castanhos lisos se movimentaram com o vento e Klaus ficou deprimido ao vê-la sair desse jeito, de forma quase dramática.
- Uau, incrível! - Sorriu Arthur de modo tímido, levando a mão a nuca e massageando-a, refletindo que minutos antes tentou rasgar o pacote de um presente que havia sido feito por uma garota muito dedicada e cuidadosa, sentia-se um idiota. - Ela deve ser mesmo uma garota muito fofa! - Concluiu, recuando alguns passos e olhando para trás, vendo Julia já distante. - Preciso ir, a aula já vai começar! - Falou Arthur, correndo então na direção que a moça tinha ido, deixando Klaus sozinho para trás.
- Imbecil! - Falou Klaus em tom baixo, xingando a si mesmo. Tinha estragado tudo por culpa de sua covardia!
Os dias se passaram mais rápido que Klaus conseguia controlar, quando deu-se conta, era a noite antes do embarque que separaria ele e a pessoa que mais gostou em toda a sua vida por um enorme oceano! Estava sentado encolhido em sua cama, abraçando suas próprias pernas próximo ao corpo, olhando várias fotos espalhadas pela cama.
Era isso que tinha lhe restado? Fotos bobas sobre acontecimentos passados? Queria recordações reais! Queria ter um motivo para ficar ali, lamentando-se! Se tivesse ouvido uma rejeição, palavras como "Sinto muito, não posso te corresponder, mas vamos continuar sendo amigos". Não ouviu nada disso! Apenas fugiu, fugiu da recusa! Seria menos doloroso ter dito o que sentia? Ter deixado que seus sentimentos transbordassem em forma de declarações?
Sua mãe entrou no quarto, esfregou o rosto com a manga de sua blusa, olhando então para ela assustado, esperando que ela não tivesse notado que segundos antes estava chorando, aflito. Céus, que tipo de garoto chorava por que a pessoa que não era nada mais do que sua amiga ia embora? Deveria ficar feliz, ela viajaria e conheceria novos lugares.. novas pessoas.
- Klaus, Julia está no telefone, ela quer saber se você vai no aeroporto amanhã. Parece que um grupo de amigos vai para se despedir dos alunos que estão indo para o intercambio.. - Explicou, ela notou as lágrimas do filho, mas optou por ignorá-las. Sabia que algo devia ter acontecido nos últimos dias, ele antes dedicou-se tanto para fazer o cachecol, embrulhou-o com cuidado em papel de presente e agora o mesmo estava abandonado no quarto, como um item sem importância.
- Acho que não, não gosto muito de despedidas! - Forçou um sorriso, espreguiçando-se e fingindo agir naturalmente, começando a recolher as fotos espalhadas no álbum. As fotos poderiam capturar momentos, mas nunca capturariam suas recordações.
Quando Klaus deitou-se, pensou que não conseguiria adormecer, mas o sono o venceu e não tardou em perder-se no mundo dos sonhos. Sonhou com coisas estranhas, com sua avó, moça, despedindo-se do seu avô, com a forma que ele tinha falecido e com o trabalho árduo que ela teve para fazer o cachecol. Ao abrir os olhos, viu a luz da janela entrando do lado de fora e sentiu-se aflito, nunca arrependeria-se de ter tais sentimentos, mas se não saisse logo da cama, arrependeria-se de nunca ter dito o que sentia!
Se para seus avos, que tinham tantas possibilidades para se distanciarem, foi possível ficar junto, o que perderia ele tentando? De qualquer modo, iriam se separar naquele momento, uma resposta faria-o ao menos saber se deveria ficar aguardando ou permitir que se afastassem!
Arrumou-se o melhor que pode, vestiu um casaco e puxou o cachecol, envolvendo-o no próximo pescoço, trazendo consigo todo o trabalho que teve com a certeza que possuia tais sentimentos. Passou pela cozinha, avisando aos seus pais que iria sair e que logo voltaria, correndo então para a rua. Olhou no celular as horas, precisaria correr e pegar o ónibus, ou nunca chegaria antes da partida!
Acelerou os seus passos, entrou no ónibus, rezou para que ele fosse rápido e desceu no aeroporto, correu entre os portões, por que não tinha tido a inteligência de perguntar em qual deles seria a partida? Se fosse sua avó, o que ela teria feito? Avistou um letreito, dizendo quais aviões partiriam em determinado portão, sorriu a achar o destino, correndo na direção indicada.
Seus passos acelerados diminuiram o ritmo, avistou um grupo de jovens, todos conhecidos, que despediam-se para a partida. Entre eles os seus amigos, Arthur e Julia, que conversavam animadamente, até que Arthur avistou Klaus, chamando a atenção de Julia. Os passos de Klaus ficaram lentos e pesados, tinha mais uma vez encontrado o muro que o prendia em seus medos, não sabia ultrapassá-lo, não tinha coragem de fazê-lo.
O que tinha imaginado? Que chegaria e diria como se sentia? Que haveria um final feliz? Sentiu suas mãos tremerem, fechando os punhos e cravando as unhas na palma da mão, não mostraria sinal de fraqueza. Forçou um sorriso, chegando finalmente até eles e vendo um sorriso nascer nos rostos deles por estar ali.
- Eu vim me despedir também.. - Falou Klaus com um tom calmo, desviando o olhar para o chão e brincando de jogar o seu peso de uma perna para outra. Droga, iria terminar tudo dessa forma? Uma de suas mãos foi até o seu outro braço, abraçando o próprio corpo, daria tudo naquele momento para desaparecer.
- Eu já volto! - Falou Julia, dando um sorriso leve para Arthur e afastando-se, os olhos de Klaus sairam do chão e seguiram os movimentos dela, não sentia-se bem em vê-la indo embora assim sem uma boa justificativa, deixando-o sozinho com Arthur.
- Klaus, eu fico feliz que tenha vindo.. - Disse Arthur, fazendo por fim os olhos de Klaus irem contra ele. O sorriso calmo de Arthur mostrava que suas palavras eram sinceras, não se imaginava partindo sem ver o amigo mais uma vez.
- E eu fico feliz em vir! - Respondeu Klaus automaticamente, desviando o olhar em seguida, constrangido. Certo, precisava manter a calma, não podia permitir que seus sentimentos fossem tão óbvios assim.
- Eu vou te enviar e-mails, está bem? - Arthur manteve o sorriso ao falar, mesmo imaginando que em breve Klaus conseguiria novos amigos e não se importaria com os que tinham ido embora. - Klaus, eu.. - Não foi capaz de concluir a frase, um dos professores da faculdade estava chamando o grupo, dizendo que precisavam embarcar. - Foi bom te ver.. - Disse Arthur, afastando-se um passo, pronto para se virar e ir embora. Sentia que nada mais seria dito de Klaus, pois o mesmo nem o olhava nos olhos.
- Arthur!! - Gritou Klaus, elevando o rosto para fitá-lo, deixando lágrimas escorrerem pela sua face. Estava chorando de novo? Como se explicaria agora? - Eu gos.. gosto de você! - Teve dificuldade em dizer, gaguejando, esfregando o rosto para secar as lágrimas, Arthur ficou em choque, Klaus tinha se declarado?
- Eu.. Também gosto de você! - Respondeu Arthur, falando depressa, tentando ser formal diante a resposta da declaração, Klaus abaixou a mão com que secava o rosto, olhando-o surpreso. Que tipo de resposta repentina era aquela? E estava dizendo que gostava dele?
Sentiu então o braço com que tentou secar sua face ser puxado e os seus lábios serem selados com os do outro. Klaus demorou um pouco para entender o que era aquele leve roçar de lábios, mas quando compreendeu que se tratava de um beijo, deixou seus braços envolverem o pescoço de Arthur, puxando-o para perto de si.
- Eu vou te esperar! Meus sentimentos vão durar bem mais de cinquenta anos! - Disse Klaus, ficando na ponta dos pés para continuar abraçando Arthur, que apenas riu baixo após ouvir tais palavras.
- Seu idiota! Vou ficar fora só dezoito meses! - Respondeu, envolvendo seus braços em torno da cintura do Klaus, achando graça daquelas palavras. Cinquenta anos? E agora? Teria de cobrar dele todo esse tempo.
Em cinquenta anos muitas coisas mudaram, não era mais uma garota amando um rapaz, o mundo já não era igual, mas os sentimentos dos jovens, quando apaixonados, ainda eram os mesmos de antes. Para alguns, cinquenta anos pode parecer muito, mas para outros, é apenas o tempo mínimo para se comprovar que certas coisas simplesmente a tudo resistem, porque são a coisa certa.
Fim

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